Poemas

parei de dormir,
pois que o sono consumia minha razão
transformava minhas esperanças em sonhos
e meu trabalho em descanso
parei de pensar,
pois que a reflexão impedia a ação
e a ação irrefletida é o mais puro metal que molda a espada
parei de caminhar,
pois que o caminho se mostrava espinhoso
e as pedras machucavam os meus pés inchados
como se eu cruzasse uma encruzilhada entre um rei e uma esfinge
parei de sentir,
pois que o sentimento é para os tolos
parei de respirar,
pois os gases são venenosos e o meu pulmão tornava-se fibra, e o músculo carne rija, e o tecido rocha, e a rocha pó
parei de bater o coração, pois o duro trabalho não dignifica o homem
e a máquina consome o homem
parei de dormir,
pois que o sono flertava com a morte e esta lambia minhas pálpebras como uma doce amante
parei
e ao parar
esqueci
e ao esquecer
descansei
e morri.

Autor: Tony Leão.

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